terça-feira, 16 de julho de 2013

FOME OCULTA

Eram duas comadres que já há muito se não viam,coisas que acontecem a quem tem a sua vida.
Ai comadre,tenho andado muito mal. Não sabia o que tinha. Eu dormia,eu descansava,eu comia,mas não me sentia nada bem. Era um mal estar,que não o queria para a comadre. Um dia,não podendo mais,fui ao médico.
E sabe o que ele me disse? Que o que eu tinha era fome. Fome,eu? Mas,doutor,podemos ter muitas necessidades,mas lá em casa não se passa fome,graças a Deus. Mas o certo é que a senhora tem mesmo fome. Não dá é por ela. É uma fome oculta. Que coisa tão esquisita. Pode explicar-me? Com todo o gosto,aliás,é a minha obrigação.
Sabe,a nossa comida tem de ser muito variada,de modo a garantir a ingestão de coisas essenciais,na quantidade necessária.  E na comida da senhora há uma coisa essencial que está entrando em quantidade insuficiente.
E eu,comadre,de boca aberta. Então,doutor,o que é que tenho de fazer? E ele lá me passou uma receita,recomendando-me que eu cumprisse o que lá ia. É o que tenho feito há já uns dias. Pois estou a passar muito melhor,fique a comadre sabendo. O médico disse que a cura completa ia levar o seu tempo. É o que eu espero,pois como andei,aquilo não era viver.

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