sábado, 20 de julho de 2013
O DIABO TECE-AS
A mulher morrera-lhe já há uns anos,mas ele nunca dera mostras de se ter 
conformado. A cada passo,carpia copiosamente junto de amigos e de conhecidos de 
qualquer data. Só esperaria que a morte também o levasse. Mas nunca se diga que 
desta água não beberei. E assim,sem aviso prévio,dá segundo nó. Desta vez é que 
era para o resto dos seus dias. A senhora tinha casa posta,pelo que se desfez 
daquela onde vivera largos anos com a muito chorada defunta. Desfez-se também 
dos tarecos,que seriam supérfluos e,talvez,lembrassem a outra,o que não era 
conveniente. O diabo tece-as,porém,frequentemente. E decorridos escassos meses,o 
segundo nó desatou-se,não porque ela se tivesse finado,mas simplesmente porque 
assim decidiram. E agora? Casa como a primeira,de renda antiga,onde é que ele a 
iria arranjar? Não teve remédio,se não alugar um quarto,um modesto quarto,pois a 
magra pensão não dava para mais. Novamente o invadiu uma grande tristeza,onde se 
cruzariam,pelo menos,o ressentimento e a contrição Alguém insinuou que teria 
havido ali intervenção da que se vira substituida. Lá onde estaria fizera as 
suas queixas e fora atendida. Para que lhe servisse de emenda. Traições destas 
não se toleravam. 
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