Já ia alta a manhã,mas ainda estava frio. A feira dava os últimos ares da sua 
muita graça. O piso dos arruamentos,de contornos irregulares,ao Deus dará,estava 
numa lástima,por causa da chuva de véspera. Aqui e ali viam-se restos de 
fogueiras. De madrugada,que ali levantavam-se cedo,devia ter estado de bater o 
queixo.
Junto a toldos,assavam-se e serviam-se frangos. Mesas não havia. 
Também se dispensavam,que aquela gente não era de cerimónias. As mãos e as bocas 
não se puderam lavar,que água corrente só lá na vila.
Ainda houve tempo de 
mercar dois chapéus de chuva a preço de saldo. Quem se livrara deles precisava 
de se despachar,pois tinha de ir armar banca noutra terra. Andava a semana num 
virote,com apenas um dia de descanso,para se ir fornecer.
Enquanto se era 
novo é que se tinha de dar. As suas cores despertavam inveja,mas a barriga 
não,de muito saliente,talvez da cerveja. Duas filhitas,louras como trigo 
maduro,nã o largavam,a pedir umas moedas para guloseimas.
A vila,lá muito em 
cima,alargara-se,com sinais de que morava ali outra gente. Talvez nem lá 
residissem. As novas casas estavam ali para os receber pelas férias ou pelo 
Natal,ou então para quando voltassem de vez,que alguns quereriam lá acabar,onde 
havia feiras como deviam ser. 
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