segunda-feira, 22 de julho de 2013

CHÁ DAS CINCO

Já tinha visto muita coisa. Um pesado casaco de peles cobria-lhe o corpo avantajado. Ao lado,a dama de companhia. Estavam sentadas numa pastelaria tomando o chá das cinco. Os dedos da senhora quase se não viam,tantos eram os anéis que os cobriam. Depois da torrada,de que não comeu a côdea,seguiu-se um bolo,tragado até à última migalha. Via-se que não ficara satisfeita. Os olhos procuraram o empregado,que renovou a dose. A dama de companhia limitara-se ao chá,talvez por causa da linha. A dada altura,entrou em cena um cauteleiro. A sala estava repleta. Com dificuldade,abeirou-se da mesa desta senhora. Já devia ser conhecimento antigo,pois a compra foi rápida. Seria um número exclusivo desta cliente. Quem tocou no dinheiro foi a dama de companhia. O cauteleiro abandonou a sala sem levar a fortuna a mais ninguém. Tratar-se-ia de uma questão de princípio,uma espécie de preito de vassalagem. Só convém servir um senhor.

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