Estava de pé,encostada ao balcão,bebendo um copo de leite e comendo uma
sanduíche de queijo. Era o seu almoço. O ordenado não dava para mais. A saúde da
moça não parecia ser das melhores. Com aquele tratamento,e sabe-se lá mais de
quê,não seria de esperar outra coisa. Causava tristeza olhar para
ela.
Lastimava-se. Recebera há uma semana o ordenado e já pouco lhe restava.
Bem se esforçava em esticá-lo,mas não podia fazer milagres. Não eram as coisas
que estavam caras,ela é que estava ganhando pouco. Ai a minha vida,suspirava
ela. Quem melhor a ouvia,do outro lado do balcão,compreendia-a muito bem e até
fazia coro com ela.
A esperança das duas residia no décimo terceiro mês.
Seria ele que viria tapar alguns buracos que há muito ansiavam que deles se
lembrassem. Mas esse ainda vinha lá muito longe. Era a tristeza das duas a
manifestar-se a uma só voz.
O jeito que lhes iria fazer. Há um ror de tempo
que andavam com aquelas roupas,até tinham vergonha de aparecerem assim no
emprego. Valiam-lhes as batas. Chamavam-lhes as tapa-misérias. O pior era à
entrada e à saída. Ai a nossa vida.
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