Era o senhor muito rico e solteiro.
Tratava-se,pois,de um alvo sujeito a grande procura. Acontecia,também,que não se
lhe via interesse pelo casamento. Gostava de se sentir livre,de modo a poder
dedicar-se ao que lhe desse na cabeça. E em boa verdade não parava. A sua figura
quase metia dó,de tanta actividade em que se metia. Mas se casar não
queria,significava isso que filhos não viria a ter. Não era,de facto,pessoa para
os fazer por outra via. E assim,aquela enorme fortuna ficaria para os
familiares. Mas nesses abundavam,também,os teres e haveres.
Surgiram,então,candidatos especiais,os afilhados. Talvez uma parte do espólio
rico lhes viesse parar às mãos. Nunca se vira tanto interessado numa colheita.
Mas o que admirava era o senhor aceitar sempre mais um. Não se sabia se o fazia
por gosto ou por mania de coleccionador. É que ele tinha várias,algumas de luxo.
Acabou isso por se esclarecer. Aquilo não passava,afinal,de uma outra mania,só
que de parcos gastos. Do que constou,os meninos e meninas não foram contemplados
como desejavam,eles, ou os paizinhos. Também era o que estavam todos a pedir.
Não se via logo que era uma coisa sem jeito? Um ou dois,vá que não vá,mas um
monte deles cheirava a esturro.
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