domingo, 5 de julho de 2015

UM ANJINHO

Este rapazinho mexe comigo. Tinha a senhora razões de sobejo para isso. Mexia com ela e mexeria com muitos mais. Era um rapazinho carente. Vinha bem arranjadinho e trazia numa das mãos uma meia dúzia de pensos rápidos,a sua mercadoria. Precisava de trocá-la por umas moedas ou por qualquer outra coisa equivalente,um bolo,um pão,coisas assim. Mas não a impingia. Não quer hoje? Para outra vez calhará. E isso, num tom,com umas maneiras que comoviam. Tão novo ainda e já com toda a paciência do mundo. Naquela altura,uma manhã avançada,a necessidade não era como a de outras ocasiões. Já lhe tinham dado o suficiente para o pequeno-almoço. E sabe,o almoço também está prometido. Não ficasse,pois,preocupada,quereria ele que assim acontecesse. Um achado,este rapazinho. Fazia lembrar uma aparição. Seria ele um outro,um anjinho lá dos céus que andasse por aí. Não admirava,pois,que a senhora achasse que aquele rapazinho mexia com ela.

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