sexta-feira, 31 de julho de 2015

DE MÃOS DADAS

Calhara naquele dia mais uma visita. Uma visita prolongada,a compensar uma comprida ausência. Há que tempos não estavam juntos e que saudades já sentiam. O visitado até desesperara,pois estava para ali abandonado,sem um carinho. Era isso bem visível em todo o seu desleixado corpo,um corpo incapaz de se mover. A barba dera em crescer muito e por aquele andar ainda lhe chegaria aos pés. Quanto ao resto,nem vale a pena referi-lo. Uma lástima,uma ruína.
Do visitante,pouco há a dizer. Ainda se mexia,como claramente mostrava o estar ali. Mas aquele adiar da visita era prova evidente de que as coisas também não estavam famosas para ele. De resto,sabia que o amigo só podia esperar da sua parte compaixão. E isto era-lhe muito penoso,o que ajudava a explicar a larga separação.
Estavam os dois velhos,muito velhos mesmo. Parecia,até,um milagre o terem conseguido chegar tão longe. Talvez a causa estivesse na grande amizade que os ligava . Quereriam deixar este mundo juntos. E assim,um dia,quem sabe,uma voragem forte os enlace e os leve por esses espaços além,de mãos dadas.

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