quarta-feira, 29 de julho de 2015

GATO

Comera em diversos locais,ao sabor do nível da bolsa,na esperança de algum milagre,na fuga às intoxicações. Ainda sentia o travo do arroz e do feijão bolorentos,do óleo ultrarancificado,da manteiga feita de banha de porco,do peixe ardido,dos empadões misteriosos. Passara por pensões deste e daquele,por refeitórios,por cantinas. Estas,as de pior lembrança,especialmente a primeira. Acabara de desembarcar. Que saudades já dos cuidados da mamã. Nunca mais esquecera aquela dobrada com feijão,de presença tão repetida e de confeção tão requintada. Eram bem visíveis os buracos no feijão e o odor sugeria carne em adiantado estado de putrefação. O concessionário,com ar de prosperidade,deambulava,descontraído,a recolher os elogios. A segunda, ou terceira,já se não recorda bem,também deixara saudades. À sexta-feira,davam coelho. Devia ser gato.

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