Há que tempos viviam de costas voltadas aqueles dois irmãos. E um deles adoecera gravemente,estando por um fio. Era altura,pois, do outro o ir visitar para o abraço da paz.
Centenas de quilómetros os separavam. Estava demasiado velho,mas ainda assim com algumas forças,embora fracas. Mas a vontade remove montanhas. Assim ela exista,e ele estava cheio dela.
Guardara lá para um canto um pequeno trator,quase tão velho como ele. Não o deitara fora,porque lhe tinha muita amizade. Ajudara-o muito,sempre fielmente,quando ambos eram novos. Ficara para ali,como,alás,outras coisas,de que não se quisera desfazer. Manias de velho. Seria premeditação?
Uma peça daqui,outra dali,mais um certo jeito para reparar velharias,para não entrar em despesas,e deu-se o milagre. O trator parecia ter ressuscitado. Para a estrada,que não havia tempo a perder,pois o irmão estava para lá,muito doente. Fez as suas despedidas,talvez as últimas.
Felizmente que grande parte do caminho era quase plano,o que facilitou a vida ao trator. Como era de imaginar,a viagem teve as suas complicações,mas com a ajuda deste e daquele,que a solidariedade não é uma palavra vã,lá foi engulindo milhas sem conta.
Finalmente,cortou a meta,chegando a tempo do tal abraço.
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