sexta-feira, 24 de julho de 2015

PRÉDIO ENTAIPADO

Não sossega o pobre velho. Para o que lhe havia de dar. Volta não volta,lá vem ele postar-se à beira do seu prédio,por certo de muita estimação,agora entaipado por via de um muito provável desmoronamento.

Foi a autoridade que teve de intervir,se não ainda lá morava gente. Obras não valeria a pena fazê-las e assim para ali está à espera. Aquele espaço,mais dia,menos ano,irá ter outro destino,que não o de construção,parece ser ponto assente. Quer isto dizer que é um espaço que vale muito pouco.
Como quer que seja,o dono não o larga. Ainda ontem lá passou umas horas a velá-lo. Para lhe custar menos,deita-se no banco abatido do seu,também,velho carro,como se estivesse em casa,e dorme. De vez em quando,desperta,talvez para dar mais uma mirada nostálgica ao friso de florinhas róseas,que põe uma nota romântica naquela fachada dos belos tempos.
Será isto que mais o cativa e que o faz visitar tão frequentemente?

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