quinta-feira, 23 de julho de 2015

PREÇO DE SALDO

Nunca é tarde. Pois ali estava a demonstrá-lo um alegre conjunto em que predominavam os mais de setenta. Era a sua última refeição em comum,depois de duas semanas no Algarve,instalados em hotel de luxo,fazendo coisas jamais sonhadas. Fora muito bom terem-se lembrado dos "velhinhos",pois então,tanto mais por um preço de saldo. Só se fossem patetas é que eles recusariam uma pechincha daquelas,e isso é que eles não eram.
Estavam, naquela altura, atravancando mesas de almoçar. Calhou ficar-se ao lado de um dos contemplados. Em frente,sentava-se a esposa,mais convivente. Mostravam-se eufóricos e agradecidos. Não mais o esquecerei,não a benesse,bem entendido,mas ele. Terá sempre o meu voto. Vejam lá que foi a primeira vez que entrei num casino. Pois gostei muito,até dancei. O meu marido é que não,que não é dessas coisas. Na praia,até vesti um fato de banho,o que foi a primeira vez. E parece que me ficava bem,pelo menos foi o que disseram lá umas meninas que tomavam conta de nós.
O marido,de princípio,ouvia só,mas ,depois de um copito,lá disse das suas impressões. Sabem,a comida era boa,mas escassa. Estava,naquela altura,a recompor-se,comendo a dose dele e a da mulher,que fazia dieta,por causa da viagem. Sabem,fora uma vida de trabalhos,não dera para diversões. Tivemos sete filhos,vejam lá. Graças a Deus que se encontravam todos bem,na Alemanha,na França,no Canadá. Não se tinham de queixar muito,até estamos um bocado aliviados. Até já os fomos visitar,que eles assim quiseram,pagando tudo.
Mas uma coisa daquelas é que nunca tivera,sim senhor. Viajar,comer,dormir,divertir,por um dinheiro de quase nada. Se pudermos,viremos mais vezes. Deus o conserve por muitos anos,que homem como aquele é que nunca mais apanhamos.

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