domingo, 5 de julho de 2015
NÃO PODEMOS CONTINUAR ASSIM
O marido fora despedido. Do que se podia ouvir,era uma situação que se vinha arrastando demasiadamente. E ela já não a suportaria. Nós não podemos continuar assim. E foi assim,que ela,aparentando andar à volta dos trinta anos,lhe estava lembrando,pelo telemóvel. Já lhe teria dito isto noutras ocasiões,a sós,na intimidade,mas naquela tivera larga assistência.Vários companheiros de viagem tiveram oportunidade de a ouvir,que o tom era alto. O desespero em que ela estaria. Foi capaz até de nem ter dado conta,coitada dela, do espetáculo que proporcionara.Vê lá,fala com o senhor mais uma vez,tem paciência. Enche-te de coragem,diz-lhe que és meu marido,ele conhece-me,pode ser que reconsidere. Mas tens de insistir. Olha que nós não podemos continuar assim. E repetia,repetia. Metia dó. Depreendia-se que ele não se estaria esforçando. Estaria a contar com ela. Contaria que ela tivesse paciência.
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