segunda-feira, 13 de julho de 2015

DECEÇÃO

As vezes que o velho passara por aquele gradeamento da escola secundária. Viam-se redes,cestos,balisas,bolas,e,claro,moços e moças,em número variável,consoante a hora.Ao longo do gradeamento,estendia-se um estreito canteiro de chorão que se desentranhava em flores vermelhas,pequeninas. Um encanto para os olhos.
Mas naquela manhã,foram umas ervas entre o chorão que mais o atraíram. As folhas tinham a forma de coração e exibiam umas pequenas manchas que ofuscavam. Pareciam pérolas. Seria uma variedade nova? Alguém confirmaria. Mal arrancou uma planta,para amostra,lá se perderam as jóias. Eram,afinal,gotinhas de orvalho,que,a um ligeiro toque, se desfizeram. Foi uma deceção.
O chorão já sabia e ficou triste por o velho se ter deixado enganar. As suas florinhas vermelhas não mereciam que as tivessem trocado por uma ervinha embusteira.
Por ali andava o encarregado da segurança,que o velho já conhecia. E,irresistivelmente,contou-lhe o que acabara de suceder. O homem,coitado,atulhado de problemas, deve ter concluído que o velho não estava regulando bem da cabeça. Vinha isto,até, robustecer uma suspeita,de outras conversas.

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