Ela não dava conta,mas o cigarro na boca
ainda lhe punha um ar mais acabado. Ali estava,à mesa do café,mexendo-se
nervosamente. Pedira uma bica,mas não viera como ela queria. Foi o seu primeiro
protesto. Mas outros se seguiriam,que ela tinha agora começado. O maço precisava
de se esvaziar. Não acabava um e já acendia outro. A bebida regressou,mas ainda
não foi desta que a satisfizeram. Não havia meio de acertarem. O empregado já a
conhecia. Aquilo era um ritual em que ele colaborava. Mas não só ele. Não
descansaria enquanto não fizesse intervir este e aquele. E foi o costume. O
colega do que a tinha servido,o que se encontrava na copa,o engraxador,a mulher
da limpeza. Não escapou um. Ela tinha de se entreter,que em casa não havia
ninguém. Talvez o gato e menos provavelmente o cão. Sobre a mesa,descansavam
dois copos cheios de água. Aquilo iria durar. E a bica estava fria. Quantas
vezes teria de vir ali para saberem dos seus gostos? A bica não era uma
qualquer,pois a chávena vinha num cestinho,para aconchegar. Era assim que ela
queria. Sim,que ela não era para ali uma qualquer. E não seria. Havia ainda uns
restos do que fora,nas atitudes,na cabeça,no porte. Quando permanecia quieta,os
seus olhos miravam lá muito para longe. Durava isto uns momentos,regressando de
novo aos seus afazeres. As beatas acumulavam-se e os comparsas ajudavam. Era
capaz de se demorar ali a tarde toda. Para onde é que ela iria?
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