Estivera tempos sem fim,uma eternidade,no primeiro degrau,no degrau de entrada. Ainda mal se instalara no segundo,a morte o levou. Coitado,não deve ter resistido à emoção,à angústia da arrastada espera,foi o que de mais certo aconteceu.
Um,que de tal desenlace acabara de saber,imediatamente recordara o seu caso. É que,quando encetava a caminhada,alguém,friamente,lhe vaticinou o que o esperava. Olhe que vai marcar passo anos a fio,as vias estão atravancadas. Se não aceitar, com ambas as mãos ,o que lhe estou a oferecer,uma dádiva como que caída do céu,já fica avisado do que tem pela frente.
E o que lhe era oferecido não passava de uma ninharia,mas uma ninharia que ia fazer muito jeito. Há sempre beneméritos a querer dar uma ajuda a precisados. Tinha esta ajuda,porém,um grave senão. É que podia ela estar envenenada. Dando o sim,arriscava-se,caso não agradasse,a ficar desamparado,a ficar em terra.
Muito jeito aquela ninharia iria fazer, para ele ter dado,não logo,mas uns segundos depois, o sim. Ela trazia,de facto,veneno. Foi uma sorte,ou outra coisa qualquer,o ele ter escapado. Mas o mais provável é ele não ser muito afetado pelas emoções.
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