Toda vestida de negro,estava sentada num recanto,fazendo malha. A cara era prazenteira. No recinto,brincavam quatro crianças. Davam-lhe muito trabalho? Felizmente que eram só duas,duas irmãs muito gorduchas. As outras,os pais que as aturassem.
Encontrava-se ali só de passagem. Era de uma aldeia próxima e viera fazer compras à vila,pois aquilo eram duas bocas muito exigentes. Cuidava delas até domingo,pois ia estar uns dias muito ocupada. Na segunda,começava a vindima.
Levara o ano a pensar nas uvas. O jeito que lhe ia fazer o dinheiro. Tinha de aproveitar,embora o corpo preferisse ficar em casa,pois estava ali uma velha cheia de achaques. Mas sabe,a reforma não dava. A renda da casa era um dinheirão. Depois,havia ainda a água,a luz,o telefone. Este,fora lembrança do marido,que Deus já lá tinha,mas precisava dele para comunicar com os seus,que,volta, não volta,lhe pediam ajuda. E os remédios? Nem era bom falar neles.
Pois tinha de ser. Saía-lhe da pele,mas que se havia de fazer? Não podiam mandriar,que o patrão não deixava. Ele tinha razão,coitado,pois doutra forma aquilo não dava. Deus o conservasse. Lembrava-se sempre dela,pelo que lhe estava muito agradecida.
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