terça-feira, 2 de junho de 2015

A CULPA

Teria ido ao Museu de Marinha,ali a dois passos. E ali se encontrava ele,um homem curtido por muitos invernos agrestes,mirando e remirando a fotografia,a cores,de uma airosa chata e um desenho com ela relacionado.
Isto levou alguém a querer saber da razão de tão grande interesse. É disto que eu sei e é disto que eu gosto. Veja lá que andei no mar,em todos os mares se pode dizer,quase toda a minha vida. Só na pesca do bacalhau foram à volta de vinte anos.
O que eu passei. E,afinal,para quê? Para agora me ver na necessidade de aumentar a magra pensão que me coube. Vou-me entretendo a fazer miniaturas de barcos e a vendê-los. Não me interesso por mais nada. Nem cartas,nem futebóis.
É triste,pois,o meu fim de vida. Não me serviram de quase nada os trabalhos em que estive metido. Mas eu sei de quem é a culpa. E sem mais preparação,quase à queima-roupa,lá descarregou a sua certeza. A culpa é dessas liberdades que há agora para aí.

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