terça-feira, 2 de junho de 2015

DE NADA

Nascemos sós,vivemos sós,morremos sós. Alguém o disse,alguém de muito peregrinar,de muito escrever,de muito pensar,de muito mérito. Alguém,que até,aparentemente,nem estaria carente de calor humano,ali mesmo à sua beira. Mas ele o disse,sem que para isso fosse solicitado. Teria sido,não uma descoberta tardia,depois de muito ter vivido,e visto,e refletido,mas antes uma certeza que nascera com ele.
Vem isto a propósito de quê? Da resposta a uma simples pergunta. Então,o seu irmão? Já não tenho irmão? Morreu? Não,não foi isso,foi pior,muito pior. Deixei de o ter,quando do falecimento do nosso pai,mais precisamente,quando foi das partilhas. Assim,das partilhas,dos tais teres,para que todos,ou quase todos,correm,voam. Lindo,não é? A mais não ser. O malfadado ter,sempre ali,na brecha,a intrometer-se,por um mínimo dá cá aquela palha. Uma sina,uma fatalidade.
Uns anos antes,a quando da morte deste pai. Então,vem ver a família? Não,que ideia? Venho só por causa das partilhas. Assim,com uma franqueza rude,metálica,de prata,de ouro,melhor,de secura,de deserto,de nada.
 

Sem comentários:

Enviar um comentário