Daria um certo jeito que aquelas contas em atraso fossem todas cobradas. É que,por junto,aquilo eram uns bons milhares,uma pequena fortuna para a época. Como fora possível fiar tanta mercadoria,tanto mais que o dono dela não nadava em dinheiro,antes pelo contrário. A vida estava difícil e o lojista tinha o coração ao pé da boca. Era incapaz de dizer não.
O pai encarregava o filho,um moço de pouco mais de dez anos,de ir bater às portas . Não se lembrava ele de alguma vez deixar o papelinho denunciador da falta,embolsando o que lá figurava,ou qualquer coisa por conta. Ainda insistiu o moço, uma e mais vezes,mas em vão. Cansara-se também de bater e até já o fazia muito envergonhado. Não valia a pena continuar. Era como se as dívidas tivessem prescrito. Seria,talvez,esse o entendimento dos devedores.
Existiria na altura já a figura dos incobráveis. Mas as atitudes seriam outras. Hoje até há empresas especializadas na recuperação. O remédio,naqueles atrasados tempos,era,na maioria dos casos, o esquecimento. Foi o que sucedeu no que aqui se alude. Não procedeu o lojista,afinal,como fizeram com ele . Quase lhe iam deixando só a camisa.
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