terça-feira, 19 de maio de 2015
PEIXE CONGELADO
Fez as malas e partiu. Se calhar teria querido ir já há mais tempo. É que aquilo era mesmo uma vida sem jeito. Andava para ali a arrastar os pés ,pelas mesmas ruas,parando de vez em quando nalguma locanda. Deixara de beber,mas aquele perfume compensava-o.Tivera pouca sorte com o emprego que lhe coubera,mas não pudera esperar por um melhor. Se não tivesse dito logo que sim,não faltariam outros para o substituirem. Passava horas a lidar com peixe congelado. Resistira durante anos,mas um dia teve de encostar. Já não dava conta do recado,não sendo ainda um velho,longe disso.Logo que saía daquele inferno,o que mais lhe apetecia era aquecer-se. E na primeira taberna entrava,outras se seguindo. As visitas a estas fontes já não eram novidade para ele. Desde muito novo que o fazia,muitas vezes com o mesmo propósito de se aquecer,pois o diabo do frio gostava muito lá da sua terra.Tivera,pois,azar. Quando tentou arripiar caminho, já era tarde. De nada lhe valeu a junção de algumas ajudas. Apenas serviram para prolongar aquele triste deambular sem rumo.
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