terça-feira, 26 de maio de 2015

FONTE DE ÁGUAS MILAGROSAS

Num dos extremos da alameda,outrora muito concorrida,mas naquela altura quase deserta,lá continuava,incansável,a fonte de águas milagrosas. Um carro de boa marca parou à sua beira. Dele saiu,em camisa,um homem de meia idade ,muito direito,quase calvo.
Não resistira. As vezes que ele ali se dessedentara,nos seus tempos de moço carenciado. Não fora,porém,a sede que,daquela vez,ali o levara. Fora só ele a fazê-lo. Para a mulher,aquela não seria mais do que uma outra fonte,e não estaria precisada.
Apenas molhou a boca. Mas isso devia ter um muito especial significado para ele. Já não era o moço desses tempos recuados,que ele não gostaria de lembrar. Tinham sido uns largos anos a labutar lá longe. Dera para regressar de vez.
Falava,gaguejando muito,descontraidamente,e olhava para o outro bem de frente,sem acanhamentos. Não precisava de andar por ali a pé,como antigamente,à procura de sustento. Fizera uma bela moradia,onde nada faltava,tinha os seus rendimentos,e havia de receber,um dia,uma pensão,pelo tempo que lá trabalhara.
Comparava,opinava,criticava,desinibido. Não teria crescido tanto se por ali tivesse ficado.

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