Os velhos carros vão ficando como os seus donos,cheios de mazelas,a cobrirem-se de ferrugem. São os seus carros. E mal saem de casa,pela manhazinha,vão logo visitá-los,não tivessem levado sumiço ou sido aliviados de uma ou mais peças. É que eles dormem em plena rua,sujeitos à cobiça de qualquer um.
Mas quem é que havia de querer aquelas velharias? Só algum mais avinhado ou de outra droga muito carente. E é o que por vezes acontece,o que os traz muito ralados. Já uma pessoa não pode dormir tranquila.
Compreende-se muito bem tão forte apego. Custaram-lhes os olhos da cara. Passaram,até,privações. Mas tinha de ser,pois não podiam ficar para trás. O que é que haveriam de pensar? Fora como que uma promoção,e agora não querem descer de patente.
Mantém-nos asseados,de cara sempre lavada. Periodicamente,entram nele para pôr o motor a trabalhar e ouvir o rádio em surdina,o supremo gozo. De vez em quando,mudam-no de sítio para dar uma voltinha. Mas é isto uma apoquentação,pois a concorrência é muita e os espaços não abundam. Só os vizinhos é que dão conta,mas já não comentam. Outros é que são capazes de ter pena deles. Coitados,como estão acabados,eles e as suas carripanas.
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