sábado, 16 de maio de 2015
BIOMBO
Estava inconsolável a pobre moça,quase chorava. É que o diabo da cabelereira não havia meio de acertar. Já viram como ficou? As companheiras não sabiam mais o que dizer. Tentaram animá-la vezes sem conta,mas de nada valeu. Já repararam nestas pontas? Teria,quando muito,vinte anos. A cara era miudinha,magra,pálida. Passaria fomes por causa da linha ou sabe-se lá mais de quê. O cabelo negro,abundante,quase a escondia. Parecia um biombo. Aquilo foi um mexer nervoso,interminável. Puxava para a frente,para os lados,para trás,e mirava o melhor que podia. E o que via exasperava-a. À sua volta,espalhara-se forte cheiro,uma mistura de laca,tinta,perfume,coisa escaldada. Partículas voavam. Uma cabecinha altamente poluidora. O tempo que lá passei para este desastre. O que me irá ele dizer? Desta vez,é capaz de me mandar passear. O que é que vocês me aconselham? Apetecia-lhe lá voltar,mas não tinha coragem. Podiam não gostar e isso é que não. Onde é que iria ,depois,se aquele era o único sítio em que esperavam pelo fim do mês? Muito sofre um pobre. Talvez ele nem viesse a reparar.
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