terça-feira, 1 de setembro de 2015

DOUTORA AO QUADRADO

Sem aviso prévio,quase à queima-roupa,aproveitando um tempo morto,a senhora apresentou-se. Não podia calar-se,que estava sempre rebentando pelas costuras. Era doutora,já reformada,mas a sua filha era também doutora e estava ainda muito capaz de muita e excelente coisa realizar. Como se ficava ali à volta a saber,estava-se em presença,podia dizer-se,de uma senhora doutora dupla,uma doutora ao quadrado.

Naaquela altura,ouviam-na,apenas,dois espetadores muito atentos. De um,não vale a pena falar,mas do outro,sim. Era uma pobre mulher que trazia bem visível na cara o calvário da sua triste vida. Teria sido esta bem diferente se, acaso, fosse doutora como a outra,mas,infelizmente,não era,e para ali teve de ficar calada,embora vontade não lhe faltasse ,para equilibrar a balança,como pouco depois se veio a saber.
A senhora doutora,feito o seu papel,saiu,triunfante,do palco. Esperá-la-ia outro. A pobre mulher só esperava por esse momento para desabafar. Então,não querem lá ver? O que a gente tem de aturar. Ah,estas doutoras. Valha-nos Deus,na Sua Infinita Misericórdia.

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