quarta-feira, 8 de julho de 2015

UM OUTRO

Por vezes,parecia-lhe ter vivido várias vidas. E isso por ter passado momentos que ele apelidava de difíceis,momentos por assim dizer,de certo,um exagero,
últimos,extremos. Em todos eles,figurou um carro.
Num deles,de repente,num cruzamento,como se tratasse de uma aparição,viera ,da sua esquerda, um jipão,à velocidade quase da luz. Numa reação desesperada,tentou escapar ao embate,acelerando ao máximo. Tinha tudo cara de o ir fazer em vão,pois estava parado,aguardando luz verde. Ter-se-ia livrado por uma fração mínima de segundo. Ainda sentiu não sabia o quê,
talvez o roçar de uma pena,uma carícia.
Num outro,foi uma enxurrada diluviana o mau da fita. Uma ponte fazia parte do caminho. Talvez tivesse sido ela a sua sorte,pois teria atuado como
descarregador. Mas antes,teria havido conversão de carro em barco,tal a altura da água.
De todas as vezes,tudo levava a crer que,terminada a aventura,deixara de ser ele,para ser um outro.

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