terça-feira, 9 de junho de 2015
UMA AJUDA
A velhota estava admirada. Como fala bem este senhor,que coisas bonitas ele está dizendo. É assim mesmo. Só assim é que o mundo se endireitaria. Que cada um visse num outro,qualquer que ele fosse,um irmão seu,e seria remédio santo,remédio para todo o sempre. Acabariam as mãos estendidas,as barrigas a dar horas tempos infindos. O senhor parecia um coração aberto,uns bolsos largos. Seria capaz de uma capa dar,se duas tivesse,seria capaz até de dar as duas. É assim mesmo,repetia a velhota.Tem toda a razão. O senhor lá foi à sua vida,vida de homem bem falante. Não andou muito. Meia dúzia de metros vencidos,quem é que o havia de abordar? Nem de propósito. Precisamente um pobre,um pobre daqueles que sempre o tinha sido,um pobre quase a despedir-se. Uma tosca muleta amparava-o. Queria uma ajuda,precisava muito dela. Então,de onde é que veio? Da ilha do Fogo. E uma moeda mudou de bolso. Uma moeda pequenina.
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