quarta-feira, 3 de junho de 2015

NOS BELOS TEMPOS

Ele tem ar de quem perdeu ou se esqueceu de alguma coisa muito importante.Não é ainda muito velho. A cabeça é que deu em pender,parecendo andar em busca de algum objeto que lhe tivesse caído.
Há dias barrava uma entrada,sem reparar no estorvo que estava fazendo,com gente a entrar e a sair,continuamente. Virava-se para a esquerda ou para a direita,em jeito de esperar alguém ,que não havia meio de vir. Esteve assim uns largos minutos,não mostrando angústia,mas talvez resignação.
Já não vem,como sucedera,já antes,desde há algum tempo. Deve ter-se esquecido,pensará. A mulher morrera-lhe,mas ele suporá que ela foi ali,já volta. Impaciente,faz-se ao caminho,a ver se a encontra. Irá pelos locais onde costumavam passar os dois,nos belos tempos. E não a vê. Hoje não virá. Mas amanhã pode ser que aconteça. E assim viverá,esperando que ela regresse um dia,sem avisar.

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