sexta-feira, 18 de dezembro de 2015
OS OUTROS QUE ESPEREM
Já repararam nalgumas sumidades que por aí andam,ao pé da porta ou lá por longe,pavoneando-se como em parada triunfal,de recolher os aplausos? Devem ter reparado,porque elas fazem-se ao reparo,pondo-se ali mesmo bem na frente do vulgar peão,ocupando os pimeiros lugares das primeiras filas.E devem ter reparado no ar pomposo que exibem,nos olhares sobranceiros,de desprezo,de desdém,que se dignam lançar,na voz engrossada que soltam,uma voz doutorizada,no peito que salienta,quase a rebentar.É caso para perguntar. O que é que elas fizeram para bem das gentes,da humanidade,de ao pé da porta ou da que se encontra lá mais longe,para assim se mostrarem tão sublimes? Examinando,mesmo à lupa,não se nota coisa que o vulgar peão não soubesse fazer também.Quando muito,umas vagas intenções,umas promessas ôcas. O que se nota bem é o que fizeram por eles. Sim,é que,em primeiro lugar,estamos nós. Os outros que esperem.
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