sábado, 19 de dezembro de 2015
DE CIGARRO NA MÃO DIREITA
O que se estava vendo era isto,mas já se vira isto muitas mais vezes. A idade rondará os setenta. O corpo é esguio,alto. As costas são direitas,que nem tábuas. A cabeça é pequena,como a de um passarinho. O cabelo é grisalho,levemente ondulado. O andar é lesto,ainda que tropeçado,talvez por assim ter saído.E ali ia ela,como sempre,de cigarro na mão direita. Dava um passo,aparentemente,inseguro,e levava o cigarro à boca. Dava um passo,recolhia a mão com o cigarro. Dava um passo,expelia o fumo. Dava um passo,levava o cigarro à boca. Isto,como uma máquina. As costas,sempre direitas,olhando em frente,imperturbável.
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