quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

MUDANÇA DE ARES

O senhor não devia estar bem. Arregalava muito os olhos e respirava fundo,como fazendo um grande esforço,quando queria intervir. Mas isso foi só nos primeiros dias. A mudança de ares ajudara-o a recompor-se. Quase não parecia o mesmo. Ficou mais calmo e deixou os exageros de opinião do início.
Pelo que revelara,a sua vida não fora nada tranquila,caraterizando-a a instabilidade dos lugares por onde tinha passado,mas sempre em cima da onda. O que o teria levado a este saltitar? Talvez um procedimento análogo ao que exibira nos primeiros dias,de alguma,para não dizer muita, intolerância.Tê-lo-iam salvado as suas muitas capacidades. Seria de grande competência e isso permitir-lhe-ia a sua permanência por algum tempo. Passado este,as vontades das duas partes concordariam em que uma mudança de ares lhe faria bem,como estava,alás,acontecendo ali.
Interessava-se muito pelas riquezas dos locais que frequentava. Passava-as a pente fino,não fosse escapar algum pormenor importante. A sua natureza nervosa não suportava a monotonia,a rotina. Isso explicaria o seu circuito profissional e estaria de acordo,também,com as suas longas viagens,tal como a última,da ordem de milhares de quilómetros. Viria daqui uma das razões,porventura,a de mais peso,para aqueles olhares muito alargados,dos muitos horizontes vistos e que quereria envolver num só.

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