sábado, 29 de agosto de 2015

TERRA MANINHA

Ainda há bem pouco tempo,aquele terreno fora cultivado com esmero,desentranhando-se em batatas,cebolas,flores e outros mimos. Pois agora,está para ali desprezado,que é um aperto de alma. Apenas mostra vida quando lá se juntam meia dúzia de amigos para grandes patuscadas. Aquilo é gente só de grelhados,que os cheiros e os fumos disso dão conta. Depois dos repastos,vêm jogos de cartas intermináveis.
Devem estar à espera do bom dinheiro que,um dia,lhes há-de caber. O local é,sem dúvida,privilegiado. Pena é que a horta tivesse dado o triste pio. Depois,era uma horta de todo o ano,que água nunca lhe faltava,porque lá por baixo corre um rio que só uma grande desgraça porá a seco. Sempre era uma mancha verde a alegrar uma paisagem de cimento.
Com os milhares a acenarem,desinteressaram-se de tal ninharia. E assim,mais uma lavoura virou terra maninha.

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