A dona da casa tinha carradas de razões para desabafar,embora o fizesse com um hóspede. Este agradecia e quase estimulava,pois ,desta maneira, tinha frequentes aulas para melhorar o seu inglês. Arranjara,assim,uma professora de borla,ainda com a grande vantagem de não ter de ir apanhar mais frio,e mais chuva.
Pois claro que a senhora estava cheia de razões. O desabafar até lhe fazia bem. Ela ali feita escrava, a ter de arrumar quartos,havia mais dois hóspedes,fazer limpezas,confecionar refeições,e a cunhada,aquela rica peça,a flanar,só. Com a morte do marido ,ficara com uma boa pensão,que ela se encarregava de desbaratar em diversões e compras supérfluas.
Ele eram passeios,quase todos os dias,ele eram almoços ,em bons restaurantes,com as amigas,ele eram chapéus sempre à moda. E a água que ela esbanjava nos intermináveis banhos? Parecia ser ela uma menina. Mas quem pagava as contas era o marido,pois então. E ela havia de se ralar.
Postas as coisas nestes termos ,está-se mesmo a ver que as duas senhoras só por um muito mero acaso se cruzavam. Fugiam,positivamente, uma da outra,o que era facilitado pelo tamanho do "home". A cunhada refugiava-se no quarto,só de lá saindo para se lavar e ir às tais diversões e compras.
O hóspede já andava muito desconfiado,por outras cenas,noutros palcos. Afinal,parecia não ter saído da sua terra.É que viera encontrar as mesmas quezílias.
Sem comentários:
Enviar um comentário