Que mal lhes teriam feito as pobres árvores? E logo aquelas. Já contavam largos anos,é certo,
mas estavam ali ainda prontas para muitos mais,assim deixasse quem mandava nelas. E o bem que elas tinham feito? Davam ricas sombras,sem rivais à vista,sendo o regalo de muita gente,velhos e novos,quando por ali o calor era de rachar em dias de verão. E,depois,naqueles velhos tempos românticos,as noites,no aconchego da sua presença tutelar,eram ainda mais românticas. Para além disso,que já era muito,sem preço mesmo,era morada rica de um incontável número de famílias de pássaros.
Ali,porém,não havia respeito ,apontavam alguns,com ar carrancudo,o que era muito feio. Davam essas árvores muito maus exemplos. Já viram isto?,o que vai por aqui,está cada uma para seu lado,sem regra,sem disciplina,às vezes,em magotes,enfim,uma desordem intolerável. Isto, só de gente desordenada. Pois tem de se pôr aqui ordem,e sem tardar.
E certa manhã,uma manhã triste,um exército de serras,daquelas bem afiadas,entrou a decepar. Não ficou uma para amostra,a lembrar um passado perdido. Tal mortandade era de bradar aos céus,que não intervieram,que os céus tinham mais que fazer. Estavam bem arranjados os céus se tivessem de atender a todas as desgraças.
Aquilo foi um choro interminável. Choraram as pobres árvores,enquanto puderam,choraram também as suas almas. Choraram pássaros e passarinhos. Choraram alguns desses velhos tempos românticos. Mas ninguém acudiu,pois tinham mais que fazer,tinham as suas vidas trabalhosas.
Ora, árvores há muitas,é o que não falta. Depois,elas crescem,assim não lhes rareie o sustento,não lhes falte o sol,e também a água,que o CO2,um tijolo fundamental,talvez do que mais precisam,há para aí às carradas,já nem sabem mesmo o que se lhe há-de fazer.
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