sexta-feira, 7 de agosto de 2015

ATÉ GOSTEI

Aos anos que ele ali morava,quase quarenta, naquela rua,uma rua comprida. Tinha-a percorrido vezes sem conta,como era de esperar,pois,felizmente,pernas não lhe faltavam,nem olhos para ver . Ver os prédios que a ladeavam,as lojas,os passeios,as árvores,enfim,uma grande parte do que à rua dizia respeito.
Então,não é que há dias deu de caras,pela vez primeira, com duas enfiadas de laranjeiras,uma, em cada passeio,laranjeiras esguias,de porte alto,carregadinhas de laranjas,com ar de estarem maduras? Deviam ser azedas,certamente,à semelhança do que contece em tantas outras ruas.
E quis certificar-se,o que lhe foi fácil,sem ter que ir colher uma,o que seria tarefa complicada,por
as laranjas estarem muito lá em cima,e talvez inconveniente,por razões óbvias. É que acabara de sair de sua casa,mesmo em frente de uma laranjeira,uma senhora com o seu cãozinho,para irem dar uma passeata. Desculpe,minha senhora,pode dizer-me se estas laranjas são azedas?
Olhe que não sei . Mas agora reparo. Ha por aqui mais,que estou a vê-las. Tem graça,nunca tinha dado conta. Mas devem ser,pois já teriam levado sumiço. E riu-se. Peço desculpa,mais uma vez,se importunei. Não importonou nada,até gostei.

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