Os anos que tinham passado,uma eternidade,mas a amarga lembrança perdurava. Fora marcada a fogo. Era um restaurante familiar,modesto, não muito longe da praia. Marido e mulher geriam-no,dois jovens muito magrinhos,muito pálidos,de cara muito apreeensiva. E as crianças,duas,a brincar por ali,muito alegres.
Naquele ano,aquilo não estava nada bem. Talvez do tempo,que o verão era só de nome,talvez da crise,essa teimosa,que gosta de ver as pessoas atrapalhadas,sempre a deitar contas à vida. As contas que ele teria feito. Não cortes tão grosso,que assim perdemos dinheiro. Uma dose de arroz chega muito bem. E do tomate,só uma rodelinha,assim mesmo.
E os clientes que não havia meio de virem. Ele quase não largava a porta a ver se vinha gente. Como é que ele se iria arranjar para pagar a renda? Era só subi-la,subi-la,não queriam saber de desgraças.
Era ele que mais dó metia,era ele o chefe da família,e ainda tão novo. As crianças a precisarem disto e daquilo e a televisão sempre a impingir. Queria,também,ela lá saber de desgraças. E vá de dar histórias cor de rosa,para adormecer,para anestesiar,para esquecer,para impingir.
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