terça-feira, 14 de abril de 2015

UMA DIVINDADE

Finalmente. Um ar de grande felicidade envolvia-o. Teria vindo em peregrinação,cumprindo,talvez,uma promessa ou,mais propriamente,um sério,um sagrado dever. O santuário ali estava,pressionando. Parecia ter tardado. Como em êxtase,logo à entrada,quedou-se, respeitosamente,de cabeça inclinada,por momentos. Depois,sem hesitar,dirigiu-se directamente,como que atraído,ao túmulo do Gama,postando-se muito hirto junto de seus pés,mais uma vez de cabeça pendida. Pousando levemente a mão direita na pedra fria,assim esteve todo o tempo da visita. Abandonara o numeroso grupo em que viera integrado. Os outros,incluindo a mulher,lhe contariam o que tinham visto,que era muito e rico. Nada mais lhe interessara,a não ser velar os restos de alguém,que, pela vez primeira, abrira uma porta nunca franqueada. Estaria convicto de que sem esse prodígio não teria chegado tão cedo a certas paragens. E estar-lhe-ia para sempre agradecido. Quem sabe, até, se não o consideraria como uma divindade. E estar ali ao pé dela era do que mais gostaria.

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