sexta-feira, 17 de abril de 2015

TERRAÇO FLORIDO

A via era estreita e de mau piso. Não convinha,pois,olhar para os lados. Mas pouco se veria,que o eucaliptal era cerrado. De repente,tudo mudou,em atenção,certamente,a uma igrejinha.
O panorama atraía,extasiava. Estava-se mesmo em local sobranceiro ao Douro,que corria,pujante,ali a dois passos. Encostado à igrejinha,um cemitério,também maneirinho. Não se via uma campa rasa. Todos tinham tido direito a coisa melhor e a muitas flores. Aquilo não era um cemitério,era um jardim.
Em boa verdade,não podia ser de outra maneira. O largo rio estava ali a dois voos,nas verdes encostas alvejavam lugarejos,alguns barquinhos deslisavam mansamente e o da carreira cruzava a horas certas. Como é que haviam de estar os mortos,ali naquele terraço florido à beira do rio Douro,do rio do Vinho do Porto? Apetecer-lhes-ia tristezas? Não parece. E exigiriam.
Queremos aqui sempre flores. Esta vista pede festa,permanente. Passávamos aqui,quase a correr,sem horas,nem disposição para a disfrutar,que a vida exigente não nos dava descansos. Mas agora,não. Que maravilha. Pode dizer-se que foi uma pena não termos vindo para cá há mais tempo. O que perdemos. Isto é que é vida. Não desejamos outra coisa.

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