Na maré baixa,um arremedo de praia formava-se junto à muralha. As águas  acastanhadas,pela vizinhança de um cano de esgoto,iam e vinham em ritmada  ondulação. Ali devia haver comida para lautas refeições,o que atraía  gaivotas,pombos e pardais. Eram as gaivotas,naturalmente,que  pontificavam.
Chegava para todos,pelo que ali reinava a paz. As gaivotas  ocupavam,claro,a linha da frente. Seguiam-se os pombos e lá para trás os  pardais. Era,de facto,o mais ajustado,dadas as circunstâncias do lugar. O seu a  seu dono.
As gaivotas procediam como se não gostassem de molhar os pezinhos.  Recuavam,quando a onda vinha. Pareciam crianças ou adultos que receavam pô-los  de molho. O certo é que sempre o faziam. De quando em quando,levantavam voo,para  regressar de novo à nesga da areia,ocupando o seu lugar na dianteira. Dava para  divertir. 
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