quinta-feira, 16 de abril de 2015
A FLOR E A FRASE
Deviam ser umas quatro da tarde,tempo apropriado para dar um giro,depois de uma soneca reparadora. Seria o que ele estava fazendo. E a boa disposição era tanta,que levava na mão uma flor. Enquanto caminhava,repetia uma frase,em alto e bom som,frase um tanto provocatória,por um facto ocorrido na véspera.Era um cidadão que estaria gozando dos rendimentos de uma longa vida de aturado labor. Aparentemente,não se podia queixar muito,a atentar na elegante farpela desportiva que o protegia,desde os pés até à ponta dos cabelos,acondicionados por um boné azul e branco,à marinheiro.E qual era a frase,lançada aos quatro ventos, que ele não se cansava de repetir? A greve é o meu trabalho,a greve é o meu trabalho. Esta frase,vinda de alguém já permanentemente em férias,parecia algo deslocada. A indumentária,a flor e a frase compunham um quadro de elevada perplexidade.
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