sábado, 15 de julho de 2017

O HOMEM E A ESCALA

O homem,ou o homemzinho,se se atender ao tamanho e à complexidade do Universo,trabalha,ou diverte-se,à escala. É,afinal,um escravo dela. À escala da família mais chegada,da família mais alargada,do clã,da tribo,da vizinhança,da rua,do bairro,da freguesia,do concelho,da província,do país,da nação,e pouco mais,por se estar a entrar num terreno difuso,cheio de sequelas de um longo e traumatizante passado, avesso a escalas.
E não se tem saído disto,com pequenas,e frágeis,e fugidias variações. Tem sido mesmo uma pobre monotonia de uma só música,a do desacerto,a do desconcerto. Tem sido,mesmo,escala contra escala. Ora isto não tem levado a lado nenhum,antes pelo contrário. Há ,até, o risco,de,um dia,não haver lado,não porque seja só um,isso é que era bom,mas porque está lá o vazio,o silêncio,o nada.
O que é que isto está a pedir,então? Está-se mesmo a ver,até uma criança que só pensa em brincar veria,se puxasse um poucochinho pela cabeçita. Mas o crescidinho,o homemzito,à escala do Universo,entenda-se,só pensa em continuar nas brincadeiras,sem pensar que se pode aleijar também,não só os outros com quem anda a reinar.
Custaria muito parar para pensar? Nem pensar nisso,dirão alguns. Isso é o que eles queriam,para nos apanharem distraídos de outras coisas,tais como as brincadeiras do costume,que já se transformou,o costume,nalgum gene. Ele bate,bate,até que fura,neste caso,instala-se,muito bem instaladinho,ao lado dos outros,de origem ou lá o que é,e,depois,manda. E,depois,é um sarilho. Mas já se estava a variar.
Mas pensar de outro modo,porque os muitos modos outros já experimentados,já tão velhos como o homem,não têm dado mesmo nada,ou melhor,têm dado isto que se está a ver. Uma tristeza. Tantas filosofias,tantos calhamaços,tantas teorias,tantos tratados. Têm dado Jardins Suspensos, Recantos de Mil e Uma Noites,Impérios,Pirâmides,Guerras por Tudo e por Nada,às vezes,por uma birra,por um acordar mal disposto,por ter dormido demasiado só para um dos lados,direito ou esquerdo.
É uma historiazinha já muito sabida,até já aborrece. Isto só com o tal Homem Novo. Mas onde é que se já ouviu isto? Isto está mesmo a pedir uma transferência,pese embora alguns puristas da nossa praça. A propósito,há para aí umas cabecinhas que conseguem fazer saquinhos de plástico que apodrecem,ao contrário dos outros,que deram um grande jeito,mas que duram uma eternidade a dar pó. E o que acontece é que já há solos com um primeiro horizonte de plástico,é que já há inundações por entupimento dos drenos,já há lagos e porções muito apreciáveis dos oceanos de onde os pobres peixes foram expulsos. Mas o que é isto? Então não se estava a escrevinhar sobre...? Sobre quê?

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