quinta-feira, 20 de julho de 2017
CACOS
Teria sonhado fazer muitas e grandes coisas,coisas originais ,coisas de espantar. E isso, desde muito novo,pois já nessa altura o dera claramente a entender. Vontade e mais qualidades não lhe faltavam,é certo,mas estavam ausentes umas essenciais. Mas ele teimou. Lia muito e com as ideias de outros lá foi singrando. Pode dizer-se que foi quase tudo. A obra que ele sonhara tardava,porém,em mostrar-se. E tal entristecia-o muito,tanto mais que dava conta de outras a erguerem-se,alguma mesmo ali ao pé da sua porta.Então,foi medrando nele um forte desejo de destruição,de cariz demoníaco,que acabou por explodir. Zurzia a torto e a direito,sem olhar a quem,não poupando os mortos. Ficava tudo em cacos ou em pó. Temia-se enfrentá-lo. E a razão era simples. É que o riso de escárnio,que ele desde muito novo exibia,refinara com a idade. Era um riso estranho,um riso único. De assustar. E todos ficavam tolhidos,siderados,de medo.
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