quarta-feira, 11 de março de 2015

FESTIVAIS

Os festivais iam recomeçar. O local é,sem dúvida,atraente,pois um rio,com azenhas e praias,corre perto. Em vasto terreiro,levantara-se um enorme palco. A coisa prometia,como já acontecera. Uma velhota ia a passar. Então,o que nos diz dos ajuntamentos que aqui se têm dado? Não me fale nisso,desabafou ela,toda escandalizada. É uma pouca vergonha. Estão a ver ali aqueles milharais? Pois dormiam por lá. Foi uma estragação. Não os queremos cá mais. Uma mulher nova,com o filhito ao colo,era da mesma opinião.Não sei quem é que os autorizou. Coisas de gente que não é de cá e que se põe para aí a mandar que é um desatino. Não consultam o povo e depois têm-no à perna. Mas a terra ficou mais conhecida,muitas pessoas falam agora dela,o que não sucedia antes. Que nos importa a nós isso? Melhor seria que não fosse assim. E conhecida porquê? Por aqueles atrevimentos? Pois dispensamo-los. Isto é terra de gente simples e séria. Perguntem aí se gostariam de vê-los cá de novo. Tenho a certeza de que muito poucos concordariam. Se não podem passar sem eles,que os façam lá nas suas terras. Se para aí vierem outra vez,contrariando a vontade da maioria,é capaz de haver sarrabulho. Tão certo como eu me chamar Joaquina. Eu sei de uns tantos que estão muito dispostos a isso. O povo,quando lhe chega a mostarda ao nariz,pode ir às do cabo. Eu cá avisava-os. O melhor é esquecerem-se de uma vez .

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