sexta-feira, 27 de março de 2015

TURISTAS DE PÉ DESCALÇO

A baía é um encanto. A tarde estava amena. Nas águas, balouçavam, mansamente, pequenas embarcações,e na praia minúscula descansavam gaivotas. De vez em quando,lá vinha da faina mais uma traineira.
Como isso não bastasse ,dois jovens escultores tinham vindo acrescentar mais um elemento à paisagem. Uma elegante sereia estendia-se, preguiçosamente, no areal. Ao lado, apelava-se, em letras garrafais, à generosidade das gentes que passavam. Uma toalha servia de bandeja para as ofertas. As moedas que errassem o alvo não se perderiam.
Os louros rapazes mereciam que os compensassem. Seriam turistas de pé descalço, paciência. Nem todos podiam ser tão abonados como os que enchiam o hotel que ali perto se erguia. Alguns deles nem quiseram olhar para os moços, nem para a sua obra, quanto mais atirar-lhes uns cobres. Estariam a comprometê-los, enodoando-lhes a bandeira.

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