O homem não sabia o que havia de fazer à vida. Ainda um dia faria um disparate,que era caso para isso. Um sonho terrível não o largava,sem descanso. Seguira conselhos de amigos,cumprira receitas de médicos,mas nada resultava. O maléfico sonho teimava em atormentá-lo.
Mas de que se tratava? Um coro de lamentações de milhares,talvez de milhões,vindo do fundo dos séculos,de todos os tempos,instalava-se na sua pobre cabeça,
permacendo nela horas sem termo. Aqui e ali,uma voz mais potente fería-lhe os tímpanos como um dardo bem afiado.
Que fizera para tal tormento merecer? Alguém aventara que talvez o mal estivesse relacionado com a posição que ele vinha tomando acerca da construção de uma volumosa reserva de água que daria um grande jeito a muita gente. Coisas que se inventam.
O certo é que, um dia,o tormento disse adeus,parece que para sempre. E isso acontecera,constou,
por o clamor do assustador sonho ter dado lugar a uma vozinha de criança,que dizia ter sede,muita sede. A mãe,muito pesarosa,respondera-lhe que água não tinha porque a única fonte secara de vez. Ainda a mãe não terminara,uma outra voz fez-se ouvir,uma voz plena de ternura,a dar-lhes esperança,que muita chuva estava para chegar,chuva que apagaria o pó dos caminhos,ensoparia a terra e daria vida às fontes.
Foi aquilo remédio santo. Os sequiosos passaram a ter nele um amigo.
Sem comentários:
Enviar um comentário