Pagadores de promessas venciam ladeira íngreme,de joelhos,alguns protegidos,outros sem qualquer resguardo. Mais dolorosa,neste caso,a escalada. Ainda que doridos,lá iam progredindo, muito lentamente. Detinham-se,por momentos,a recobrar forças. Familiares,ali a seu lado,davam-lhes ânimo.Está quase,são só mais uns metros. A fé era muita,e a vontade de cumprir,também.
Para eles,o sermão que os esperava seria dispensável. Já teriam ressarcido a maioria dos pecados,senão todos. As palavras que estavam a ouvir apelavam ao arrependimento,à penitência,ao sacrifício. Soava isto a demasiado. Mereceriam,antes,receber louvores por tanta fidelidade. Cansados,derreados,saber-lhes-ia bem que alguém os consolasse.
Para a maor parte dos outros,os que não se tinham arrastado de joelhos até ao templo,pareciam também exagerados tais apelos. Tratava-se de gente simples,do meio rural. As suas vidas eram vidas muito duras,de trabalho quase permanente,no amanho das courelas,no cuidar do gado,na labuta da casa,na criação dos filhos. Os momentos de lazer quase se resumiriam aos das festas e romarias. Deveriam ser poupados aí,pois já teriam suportado o seu quinhão de penitência.
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