domingo, 28 de maio de 2017

A ALMA DO NEGÓCIO

Quando se entrava na loja,dava logo nas vistas,sobre o balcão,um alguidar com uma massa branca,lembrando requeijão. Tratava-se de um invento da casa,ainda que não patenteado,de que o inventor muito se orgulhava e com o qual muito lucrava. Era para vender a granel ou embalado em caixinhas,para os fregueses mais exigentes. Um anúncio,em letras garrafais,dava conta das altas qualidades do produto. Servia para muita coisa,mas,sobretudo,para acabar com gretas nas mãos e nos pés,a que eram muito atreitos os que trabalhavam no campo. Choviam pedidos das terras em redor e mesmo de mais longe,até da capital,o que atestava a excelência da droga. A sua composição é que não era revelada. Bem queriam saber,mas ele é que não estava para isso. Dizia que era segredo,a alma do negócio. Só se o obrigassem. Mas já o fabricava há uns anos largos e nunca o tinham incomodado. Ao anúncio,sobrepunham-se,com frequência,os elogios dos compradores. Ao meu homem é o que lhe vale. E ao meu,também. Se não o aplicassem,havia dias que não podiam ir trabalhar. Quem estivesse com hesitações,a estes estímulos,não resistia,fornecendo-se para uma temporada.

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