segunda-feira, 29 de maio de 2017

O TIO CHICO

O velho tinha razão para estar preocupado. Volta não volta,dava-lhe para inspeccionar a ponta da bengala. Tenha cautela,pois parece que ela já não é de confiança. Tem razão,mas sabe, acostumei-me a ela. Comprei-a,há uns anos, numa feira,a feira de Santiago,lá para o Norte. Mas estou a ver que tenho de arranjar outra. E ali se pôs à conversa. Tivera taberna ali perto,mas a coisa já não dava,e também estava sem paciência. Dera para juntar alguma coisa. Até comprei para aí uns andares. Um deles é numa praia,aqui perto. De vez em quando,vou até lá. Têm de me levar,pois já não guio.Mas quando podia,fui muitas vezes lá à terra. Até fixei os quilómetros,cento e quatorze. Aquilo não falhava. Agora,parece que fica mais perto,pois há uma estrada nova. E ali continuaria,só que apareceu gente que ele conhecia muito bem,talvez por ser um antigo fiel frequentador da sua taberna. Olá tio Chico,como vai?

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