sábado, 2 de janeiro de 2016

DE MAUS MODOS

Dizem que os elefantes,próximos do termo da vida,talvez desiludidos dela e talvez magoados por muitas desconsiderações,abandonam a manada,para, sozinhos,aguardarem o sinal da partida para o outro mundo.
A ser verdade,não parece isso sem sentido. Alguém,daqueles que se habituaram a ver como os seus piores inimigos,até poderá pensar que eles é que fazem bem. Livrar-se-ão de tratamentos desagradáveis ,para não dizer outra coisa menos leve,o que lhes mitigará a tristeza do adeus final,se é que alguma já sentiriam.
Tão poucas vezes a vida sorriu para tanta gente. E não será de esperar que no findar dela a alegria venha neles morar. Ainda ontem ela lhes virara as costas,de maus modos. Não era caso para isso,mas o que se há-de fazer,se ela também anda pelas horas da morte,tantas são as desgraças que por aí andam?
A pouca que resta tem de ser guardada para os mais novos,que esses têm muito tempo ainda para andar por cá. Agora os velhotes,que tenham paciência. Tivessem-na procurado e armazenado,quando ainda havia em quantidade. Os elefantes,afinal, é que têm razão. Para ver o que estão a ver e a sentir,se ainda sentem alguma coisa,o melhor é ir lá para longe,onde não incomodem e não sejam incomodados.

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