segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

UM QUASE NADA

Não matarás. É o que se aprende nalgumas escolas. Mas há alguns que não andaram nelas,ou,tendo andado,esqueceram-se ou não aprenderam. Passa-se,às vezes,sem saber muita matéria.
Custava a crer. Ali mesmo na frente de muita gente,um sujeito fazia declarações terríveis,sem pestanejar,com a cara até um tanto sorridente. Se aquilo não fizéssemos,seríamos nós as vítimas. Tinham sido eliminados aí uns dois milhões,um quase nada.
É capaz de a quantidade,em certas circunstâncias,sossegar as consciências. Talvez seja a explicação para tanto à vontade. Se tivesse sido apenas um,provavelmente,mostrar-se-ia muito contristado e,até,arrependido. Agora,dois milhões,uma ninharia.
Teria sido necessário eliminar tanta gente? Parecia uma espécie de irradicação de um mal incurável,susceptível de atingir proporções desmedidas,talvez mundiais. Depois,como teria sido feita a seleção? Teriam atendido a laços familiares,para maior garantia de sucesso?
Uma ação desta envergadura deve ter sido verdadeiramente saneadora,não restando,para amostra,um sequer. Se tal não tiver sucedido,a descontração do sujeito augurava que não se importava de repetir. Se houvesse necessidade de mandar para o outro mundo,antes do tempo,mais outros dois milhões,ou mais,sendo caso disso,não hesitaria. Ou eles ou nós,seria a sua desculpa,voltando a mostrar tranquilidade e um leve sorriso nos lábios.

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